Chega o último artigo sobre esse livro fantástico!
"A repetição temporal é uma série de repetições tópicas que se sucedem na linha do tempo."
J.-D. NASIO
No capítulo 7 o autor fala que a repetição patológica pode ser temporal e tópica. A temporal é sintoma de uma repetição detectável e enumerável. O paciente a tolera, recenseia e dela participa.
O autor divide ainda em repetição horizontal, em que o sintoma recorrente aparece, desaparece e reaparece sucessivamente; e o trajeto de uma repetição vertical, em que a fantasia inconsciente sobe e se exterioriza compulsivamente sob a forma de um sintoma ou de uma passagem ou ato.
O autor generaliza: toda irrupção do inconsciente traumático é compulsiva, explode na superfície do eu e se reproduz no tempo.
O próximo capítulo tem como título "A pulsão é a força compulsiva do gozo". O que é a pulsão? O autor fala como o trajeto percorrido por essa mesma energia psíquica quando ela anseia irresistivelmente por se manifestar; e, sobretudo, quando pensamos na fonte corporal de onde ela brota. As pulsões levam frequentemente o sujeito a viver e reviver emoções infantis perturbadoras, mistura de prazer e dor. Pois como explicar que haja pessoas que, em vez de procurar o prazer, procuram incessantemente reencontrar situações penosas que já conhecem e poderiam ter evitado?
Como compreender que alguém que sabe pertinentemente que tal comportamento lhe é nefasto, procura ainda assim reproduzi-lo, retornar àquilo que o molesta? (São as perguntas super fortes desse capítulo!).
Aí o autor diz: uma pulsão gosta mais de se repetir do que de ter prazer!
Segundo o autor: dividimos a pulsão em:
- de vida: pulsões de autopreservação, sexuais
- de morte: de agressão, de autoagressão
As pulsões de vida reduzem ao presente um passado decerto intenso, mas não traumático. Já as pulsões de morte reconduzem ao presente um passado, mais que intenso, traumático.
Assim, tudo o que conta afetivamente para nós nunca é real, mas fantasiado. Em suma, diremos que toda fantasia é sempre precedida por outra fantasia e que a história de nossa vida afetiva é uma estratificação de fantasias significativas.
Por trás de um sintoma que se repete há uma fantasia que se exterioriza; e por trás de uma fantasia há o real.
3 termos da álgebra Lacaniana:
1) Significante - ocorrência repetitiva
2) Cadeia dos significantes
3) Sujeito do inconsciente - o efeito da ação repetitiva
4) Objeto
O autor vai finalizando o livro e diz que é papel do analista é 1º) levar o paciente a representar a situação traumática inconsciente na cena analítica. Dessa forma, ele entra no estado de revivescência, em que o analisando percebe em si mesmo o gozo inerente à sua fantasia inconsciente; 2º passo: o analisando deve familiarizar-se pouco a pouco com a situação traumática passada. E o 3º e último passo é que as revivescências repetidas conduzem o analisando a desidentificar-se com os personagens de sua fantasia e a separar-se das emoções vividas por esses personagens. No luto, o enlutado se separa do objeto amado e perdido; na revivescência, o analisando se separa de um gozo tóxico que o alienava.
Do livro: Por que repetimos os mesmos erros. Nasio, Juan-David; tradução André Telles. -
. ed. rev. - Rio de Janeiro: Zahar, 2014.