terça-feira, 8 de agosto de 2017

Capítulo 8 - Parte 1 - Mulheres que correm com os lobos

Hoje venho falar sobre o capítulo 8 do livro "Mulheres que correm com os lobos" de Clarissa Pinkola Estés. Eu vim direto para ele, porque li apenas a introdução e o capítulo 1, mas para participar de um encontro o Círculo de Mulheres Flor do Ventre eu acabei adiantando mais a leitura.

Círculo de Mulheres Flor de Ventre - 04/08/17


Eu não sou especialista no assunto gente, daí não esperem análises e tal. Eu aqui só apenas compartilho os pontos que os livros me acrescentaram na vida e destaco partes que gostei mais. Dito isto, vamos em frente! :)

O que dizer desse capítulo que tanto trouxe significados para mim?
A começar do título: 'A preservação do Self: A identificação de armadilhas, arapucas e iscas envenenadas' a autora já nos diz muito o que vem por aí. Como identificar aquilo que nos tira do nosso próprio caminho?

Para isso a autora cita o conto dos sapatinhos vermelhos. Sugiro que leiam o conto para entender melhor o vem por aí, se não ler, mais embaixo colocarei frases mais soltas do livro...

Logo no início do capítulo Clarissa define o que é a 'mulher braba'. Segundo ela, "A mulher braba é aquela que um dia viveu num estado psíquico natural — ou seja, em perfeito estado mental selvagem — e que depois se tornou cativa de alguma reviravolta dos acontecimentos, passando, assim, a ser excessivamente domesticada e amortecida nos seus instintos próprios."

E nos fala sobre hambre del alma, uma fome da alma. A sensação que tem a mulher braba.

A mulher braba, "já não mais alerta e desconfiada, se torna presa fácil." A orientação dela é que temos que voltar a "desenvolver o insight e a prudência. Temos de aprender a nos desviar."

E segue a história do conto dos sapatinhos vermelhos. Coloco aqui o link para vocês lerem o conto:
Sapatinhos Vermelhos

O que acharam? Desfecho horrível né? Fiquei horrorizada também... A autora nos diz no livro que esse fecho da história é típico dos finais de histórias de fadas nas quais a protagonista espiritual é incapaz de completar um esforço de transformação.

Mas vamos entender mais o conto?

"A história chama a nossa atenção para armadilhas e venenos com os quais nos envolvemos com excessiva facilidade quando estamos sem a proteção da alma selvagem. Sem uma firme participação da natureza selvagem, a mulher definha e cai numa obsessão pelo que a faça se sentir melhor, pelo que a deixe em paz e por qualquer um que a ame, pelo amor de Deus."

A menina, perde aquilo que a deixava se sentir rica (os sapatos vermelhos feitos à mão), mesmo sendo ela pobre. Isso representa, segundo Clarissa, a perda da vitalidade passional e da vida que a própria mulher projetou para si. Aliada a isso, a menina passou a viver uma vida de extrema domesticação.

E tem uma parte no capítulo que me deixou super pensativa (e emotiva): "Comecemos a destrinchar essa significativa história compreendendo o que acontece quando a vida que mais valorizamos, não importa a impressão que cause nos outros, a vida que mais amamos, é desvalorizada e reduzida a cinzas."

Forte né?


Então vamos lá? Clarissa divide as armadilhas em 8:
Armadilha 1: A carruagem dourada, a vida desvalorizada - nesse tipo de armadilha a gente se rende ao que parece ser "mais confortável, menos estressante, mas na realidade a sua função é a de cativeiro". Isso é a carruagem dourada.

"O desejo de facilitar a vida não é uma armadilha, pois é natural que o ego tenha esse desejo. Ah, mas o preço. O preço é que é a armadilha."

"O fato psíquico crucial continua a ser o de que nosso vínculo com o significado, com a paixão, com o envolvimento e com a natureza profunda é algo que precisamos proteger."

Armadilha 2: A velha sacarrona, a força senescente - a velha aqui representa o principal valor que pressiona a psique. Clarissa afirma que em termos ideias "uma mulher de idade simboliza a dignidade, a capacidade de orientação, a sabedoria, o autoconhecimento, a atenção às tradições, os limites bem definidos e a experiência...". No entanto, no conto, em vez de orientar a protegida, a velha inibe a menina. A menina não pode falar, a não ser que lhe perguntem algo, não pode mais saltitar e por aí vai... A velha senhora se dedica a repetição de valores, sem experimentação.

Na história, a menina aceita os valores da senhora. Torna-se, assim, braba. Passa de um estado natural para um de cativeiro.

"Então, como todo animal em cativeiro, caímos numa tristeza que leva a um anseio obsessivo, muitas vezes caracterizado como uma inquietação sem nome."

Paro aqui na armadilha 2, em outro post que farei apenas amanhã ou depois, continuo escrevendo sobre as demais armadilhas... Se interessou pelo livro? Tem a versão pdf pra baixar é super fácil.

Continua: Parte 2

Boa leitura!

Mais uma foto do nosso encontro:

Círculo de Mulheres Flor do Ventre - 04/08/17



Um comentário:

  1. Melhor interpretação que li da história, você conseguiu trazer para a realidade a simbologia do conto

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