Bom dia! Após ler o capítulo 8, voltei e li novamente o capítulo 1 (tinha lido só introdução e capítulo 1), mas só após aprofundar a leitura do 8, entendi mais o que o capítulo 1 tinha a me dizer... O livro passa a ter muitos significados quando fazemos o que a autora pede: que entremos na historia!
Hoje vou falar um pouco sobre o que a introdução me acrescentou e modificou na vida. Comecei a leitura do livro no mês passado, estava em viagem com meu companheiro, comemoração de 2 anos de casamento... ❤️ Eu andava muito 'perdida' nos meus projetos pessoais, sem saber o que fazer e aquelas palavras da introdução, mais especificamente estas que coloco abaixo, parecem que foram escritas para mim:
"Quais os sintomas associados aos sentimentos de um relacionamento interrompido com a força selvagem da psique? Sentir, pensar ou agir segundo qualquer um dos seguintes exemplos representa ter um relacionamento parcialmente prejudicado ou inteiramente perdido com a psique instintiva profunda. Usando-se exclusivamente a linguagem das mulheres, trata-se de sensações de extraordinária aridez, fadiga, fragilidade, depressão, confusão, de estar amordaçada, calada à força, desestimulada. Sentir-se assustada, deficiente ou fraca, sem inspiração, sem ânimo, sem expressão, sem significado, envergonhada, com uma fúria crônica, instável, amarrada, sem criatividade, reprimida, transtornada.
Sentir-se impotente, insegura, hesitante, bloqueada, incapaz de realizações, entregando a própria criatividade para os outros, escolhendo parceiros, empregos ou amizades que lhe esgotam a energia, sofrendo por viver em desacordo com os próprios ciclos, superprotetora de si mesma, inerte, inconstante, vacilante, incapaz de regular a própria marcha ou de fixar limites.
Não conseguir insistir no seu próprio andamento, preocupar-se em demasia com a opinião alheia, afastar-se do seu Deus ou dos seus deuses, isolar-se da sua própria revitalização, deixar-se envolver exageradamente na domesticidade, no intelectualismo, no trabalho ou na inércia, porque é esse o lugar mais seguro para quem perdeu os próprios instintos."
Estava caminhando muito assim... Sério. Sem exageros... Estava fora do que já havia sido um dia, longe, muito longe do que eu esperava para mim. Acredito que muitas mulheres acabam se perdendo no meio do caminho também...
Li a introdução sozinha e depois reli com uma grande amiga e ela revelou sentir coisas parecidas... Sentiu, segundo ela, "como se organizasse a alma, como se chacoalhasse tudo, dando luz, dando vida..."
![]() |
Café e leitura: eu e minha amiga lendo a introdução do livro. |
Então vamos conhecer um pouco do que tem nessa introdução maravilhosa?
A começar pelo título: "Cantando sobre os ossos"
O que dá pra entender com esse título? O que você entende sobre esse título? Responde antes de continuar... Vamos ver se será a mesma ideia no final.
No podcast Talvez seja isso, Bárbara Nickel e Mariana Bandarra relatam que no início o livro não parecia ter muito a ver com elas, foi assim comigo também... Há uns 4 anos uma psicóloga indicou a leitura, eu baixei o livro, mas começando a ler: "a fauna silvestre e a Mulher Selvagem são espécies em risco de extinção...", lendo o título e etc... Achei que não tinha NADA A VER COMIGO!! Bom, mas essa é a primeira frase do livro e, agora entendendo o que é a Mulher Selvagem, posso afirmar que realmente elas estão em extinção.
Selecionei algumas partes que gostei mais da introdução:
- As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros.
- Minha vida e meu trabalho como analista junguiana e cantadora, contadora de histórias, me ensinaram que a vitalidade esvaída das mulheres pode ser restaurada por meio de extensas escavações "psíquico-arqueológicas" nas ruínas do mundo subterrâneo feminino.
- Ela sofre pressões no sentido de ser tudo para todos.
- Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção.
- No entanto, as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor do que seus detratores.
Clarissa então faz essa comparação entre mulheres e lobos e diz que foi no estudo dos lobos que primeiro se concretizou o conceito do arquétipo da Mulher Selvagem.
A autora fala um pouco de sua própria história e diz que a Mulher Selvagem já aflorava nela algumas vezes, na forma que ela foi criada e nos lugares em que ela morou. Segundo ela: "Tive a sorte de crescer na natureza." Ela fala um pouco também da geração dela, posterior à Segunda Guerra Mundial, época em que as mulheres eram "infantilizadas e tratadas como propriedade". Aí ela diz que passou a vida como uma "criatura disfarçada", usando chapéus, saltos, etc.
"As questões da alma feminina não podem ser tratadas tentando-se esculpi-la de uma forma mais adequada a uma cultura inconsciente, nem é possível dobrá-la até que tenha um formato intelectual mais aceitável para aqueles que alegam ser os únicos detentores do consciente. Não. Foi isso o que já provocou a transformação de milhões de mulheres, que começaram como forças poderosas e naturais, em párias na sua própria cultura. Na verdade, a meta deve ser a recuperação e o resgate da bela forma psíquica natural da mulher."
Qual a substância que somos feitas?
Onde fica o nosso verdadeiro lar?
- Agora, seu cansaço do final do dia tem como origem o trabalho e esforços satisfatórios, não o fato de viverem enclausuradas num relacionamento, num emprego ou num estado de espírito pequenos demais. Elas sabem institivamente quando as coisas devem morrer e quando devem viver, elas sabem como ir embora e como ficar.
- A Mulher Selvagem é a saúde para todas as mulheres. Sem ela, a psicologia feminina não faz sentido. Essa mulher não-domesticada é o protótipo de mulher... não importa a cultura, a época, a política, ela é sempre a mesma. Seus ciclos mudam, suas representações simbólicas mudam, mas na sua essência ela não muda. Ela é o que é; e é um ser inteiro.
- Ela abre canais através das mulheres. Se elas estiverem reprimidas, ela luta para erguê-las. Por mais que seja humilhada, ela sempre volta à posição natural. Por mais que seja proibida, silenciada, podada, enfraquecida, rotulada de perigosa, louca e de outros depreciativos, ela volta à superfície nas mulheres, de tal forma que mesmo a mulher mais tranquila, mais contida, guarda um canto secreto para a Mulher Selvagem.
- No caso do arquétipo da Mulher Selvagem, para vislumbrá-la, captá-la e utilizar o que ela oferece, precisamos nos interessar mais pelos pensamentos, sentimentos e esforços que fortalecem as mulheres e computar corretamente os fatores íntimos e culturais que as debilitam.
Pra você, o que fortalece a Mulher Selvagem? E o que enfraquece?
Essas foram as minhas anotações, quais foram as suas?
"Uma mulher saudável assemelha-se muito a um lobo; robusta, plena, com grande força vital, que dá a vida, que tem consciência do seu território, engenhosa, leal, que gosta de perambular. Entretanto, a separação da natureza selvagem faz com que a personalidade da mulher se torne mesquinha, parca, fantasmagórica, espectral. Não fomos feitas para ser franzinas, de cabelos frágeis, incapazes de saltar, de perseguir, de parir, de criar uma vida."
Sugiro que volte lá pro início desse artigo e releia os três parágrafos em destaque que falam de quando a mulher se separa da sua natureza selvagem. Aquele que inicia assim: "Quais os sintomas associados aos sentimentos de um relacionamento interrompido com a força selvagem da psique?"
"A Mulher Selvagem carrega consigo os elementos para a cura; traz tudo o que a mulher precisa ser e saber. Ela dispõe do remédio para todos os males. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos. Ela é tanto o veículo quanto o destino."
A autora nesses 2 seguintes parágrafos nos dá uma ideia de como o livro é escrito e de como deve ser encarado:
- Portanto, seguem-se histórias que elucidam o relacionamento com a Mulher Selvagem. As histórias e mitos transcritos nesta obra são transcrições literais das minhas conferências e apresentações. Os contos são apresentados em detalhes fiéis e em sua integridade arquetípica. Estão também incluídas algumas das perguntas que peço às mulheres que respondam, após refletirem sobre elas, para propiciar uma convergência consciente com o precioso Self selvagem. (Gente, só agora percebi que tem essas perguntas!!! Vou prestar mais atenção agora... rsrs)
- "O material contido neste livro foi selecionado para lhe dar coragem. O trabalho é oferecido como um fortificante para aquelas que estão no meio do caminho, incluindo-se as que lutam em difíceis paisagens interiores bem como as que lutam no mundo e por ele. Precisamos nos esforçar para permitir que nossa alma cresça naturalmente até atingir sua profundidade natural. A natureza selvagem não exige que a mulher tenha uma cor determinada, uma instrução determinada, um estilo de vida ou classe econômica determinados. Na realidade, ela não consegue vicejar na atmosfera imposta do "politicamente correio", ou quando é forçada a se amoldar a velhos paradigmas obsoletos. Ela viceja em visões novas e integridade individual. Ela viceja com sua própria natureza."
"Para encontrar a Mulher Selvagem, é necessário que as Mulheres se voltem para suas vidas instintivas, sua sabedoria mais profunda. Portanto, vamos nos apressar agora e trazer nossas lembranças de volta ao espírito da Mulher Selvagem. Vamos cantar sua carne de volta aos nossos ossos."
E agora? Voltando para o título "cantando sobre os ossos", é a mesma ideia que você teve inicialmente?
Esse livro tem me ajudado tanto <3
Caso queira compartilhar também suas experiências, coloca aqui nos comentários.
Boa leitura!
![]() |
Fonte: https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&ccid=HkgFxx4h&id=88F290C273D72547B8212C1A8C0063A86A9A3102&thid=OIP.HkgFxx4hqStvwnA4I_paAAEsDF&q=mulher+selvagem&simid=608001185612434801&selectedIndex=0&ajaxhist=0 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário