Sugiro que leia os artigos anteriores: Parte 1 e Parte 2 ;
Bem como o conto Sapatinhos Vermelhos discutido durante todo o capítulo.
Ainda estou na leitura do livro, li apenas a introdução e o capítulo 1, pulei para o 8 para poder participar do Círculo de Mulheres Flor do Ventre. Cuja foto abaixo representa o encontro:
Então vamos ao que interessa, continuando...
Armadilha 6: O recuo diante do coletivo, a rebelião na sombra
Essa armadilha é quando o coletivo nos pressiona... A autora afirma que: "ocasionalmente, o coletivo pressiona a mulher para ser uma santa, ser uma pessoa esclarecida, ser politicamente correta, ser controlada, para que cada uma das suas iniciativas resulte numa obra-prima."
"A ideia é forçar a vítima a se ajustar, e se isso não acontecer, destruí-la espiritualmente e/ou expulsá-la da aldeia para que definhe e morra nos ermos."
A história dos sapatinhos vermelhos ensina, na sua essência, que a psique selvagem precisa ser devidamente protegida - através de uma inequívoca valorização de nós mesmas e uma recusa a se submeter a situações psíquicas pouco saudáveis.
"O lado selvagem precisa sempre de um guarda junto ao portão, ou poderá ser usado para fins impróprios."
"Quando o coletivo é hostil à vida natural da mulher, em vez de aceitar os rótulos desrespeitados ou pejorativos que lhe são aplicados, ela pode e deve, como o patinho feio, resistir, aguentar e procurar aquilo a que ela pertence - e preferivelmente sobreviver a quem a rejeitou, vicejando e criando mais do que eles."
Armadilha 7: A simulação, a tentativa de ser boa, a trivialização do anormal
Aqui nessa armadilha a autora cita o fato da menina ficar olhando os sapatos que estão no alto da prateleira sem pegá-los... Tipo, como se tentasse "ser boazinha".
"O problema com a decisão de "ser boazinha" está em que essa atitude não resolve a questão sombria subjacente, e mais uma vez ela se erguerá como um tsunami, como uma onda gigantesca, que desce veloz, destruindo tudo o que estiver à frente. Ao "ser boazinha", a mulher fecha os olhos a tudo que for empedernido, deformado ou maléfico à sua volta e simplesmente tenta "conviver" com esses aspectos. Seus esforços no sentido de aceitar esse estado anormal prejudicam ainda mais seus instintos selvagens para reagir, mostrar, mudar, combater o que não está certo, o que não é justo."
"À medida que o instinto se restaura, a Mulher Selvagem retorna. Em vez de entrar dançando na floresta usando os sapatos vermelhos até que toda a sua vida passe a ficar torturada e desprovida de significado, podemos voltar à vida feita à mão, à vida plenamente atenta, podemos refazer os nossos próprios sapatos, caminhar o nosso caminho, falar a nossa própria fala."
Armadilha 8: A dança descontrolada, a obsessão e a dependência
A velha senhora, deveria ser a guardiã da psique, mas ela está tão cega que não consegue ver os sapatos. É incapaz também de perceber o encantamento da menina ou o caráter do homem de barba ruiva.
"A menina começa então a desperdiçar sua vida num redemoinho que, como qualquer tipo de dependência, não gera a abundância, esperança ou felicidade mas, sim, trauma, medo e esgotamento. Para ela não há descanso."
Mas há esperanças...
"A mulher braba está em processo de cura. (...) A mulher que está voltando precisa ter tempo para se fortalecer."
O retorno à vida feita à mão, a cura dos instintos feridos
Nessa parte do livro que inicia com essa frase que destaquei acima, a autora nos remete que precisamos ter um período do resgate (eu denominei assim, por sinto como se fosse assim...).
- O projeto psicológico para voltar ao nosso self de direito é o seguinte: tenha
extrema prudência e cuidado no sentido de se soltar aos poucos na selva, instalando
uma estrutura ética ou de proteção com a qual você tenha acesso a meios para medir
se há um excesso de alguma coisa. (Geralmente você já é bastante sensível para
detectar quando há falta de alguma coisa.)
- Ousadia + ponderação
- A recuperação do instinto perdido e a cura do instinto ferido estão realmente ao nosso alcance, pois tudo volta quando a mulher presta mais atenção, ouvindo, olhando e pressentindo o mundo ao seu redor e, depois, agindo como vê os outros agindo, com competência, eficácia e dedicação.
Em psicanálise, gostamos de dizer que, para que alguém possa realmente ajudar/promover curas, é tão importante aprender o que não fazer quanto o que fazer.
- No entanto, por ter sido separada dos seus instintos, ela é também ingênua, acostumada à violência, adaptável a ficar isolada tanto do pai quanto da mãe.
- No entanto, uma volta gradativa à vida instintiva tem condição de fazer isso. Para tal, a mulher precisa de uma mãe, uma mãe selvagem "boa o suficiente".
- Uma mulher braba não pode se dar o luxo de ser ingênua. Por estar voltando à sua vida inata, ela deve considerar os excessos com um olhar cético e ficar alerta para os custos que eles representam para a alma, a psique e o instinto.
- É importantíssimo que se cerque de pessoas que deem apoio inequívoco ao seu trabalho.
- Resumindo o nosso projeto:
"Para manter a nossa alegria, às vezes temos de lutar por ela. Temos de nos fortalecer e ir fundo, combatendo da forma que considerarmos mais astuta. A fim de nos prepararmos para o sítio, podemos ter de abdicar de muitos confortos por algum tempo."
Esse capítulo 8 trouxe muitos ensinamentos. E o finaliza com essa frase de encorajamento e de ação:
Obrigada pela companhia... E boa leitura!
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