Esse capítulo fala do conto do Patinho feio. Para ter acesso ao conto na íntegra, clique aqui
O que eu aprendi com esse conto? Primeiro eu chorei, chorei muito. Ao ler a interpretação da autora, temos lições clássicas do conto, mas também aprendizagens envolvendo os arquétipos do órfão e da mãe. Esse conto é uma ótima ferramenta para reconhecer a nós mesmos.
Arquétipo do órfão: um ser perdido, desamparado, negligenciado.
"Certifique-se agora de perder menos tempo com aquilo que eles não lhe deram e de dedicar mais tempo à procura das pessoas com quem você se sinta bem."
Essa frase acima, se refere a quando não tivemos na infância pais amorosos, cuidadosos e sensíveis.
O patinho da história simboliza a natureza selvagem, que, quando forçada a enfrentar circunstâncias pouco propícias, luta instintivamente para continuar viva apesar de tudo.
Descobrir com certeza qual é a sua verdadeira família psíquica proporciona ao indivíduo a vitalidade e a sensação de pertencer ao um todo.
Na história as outras criaturas da comunidade declaram o patinho "feio" inaceitável, devido a sua aparência física. A princípio, a mãe pata defende o patinho, mas depois fica dividida "em termos emocionais" e deixa de se preocupar com o filhote estranho.
As meninas que tem uma forte natureza instintiva, muitas vezes passam por sofrimentos significativos no início da vida. Desde a época em que são bebês, são mantidas presas, domesticadas, e ouvem dizer que são inconvenientes e teimosas.
Geralmente, segundo a dra. Clarissa, o isolamento precoce começa sem que seja por nenhuma culpa da criança. É exacerbado pela incompreensão, crueldade da ignorância ou perversidade proposital dos outros. Assim, o self básico da psique é ferido desde cedo.
E aí a menina começa a acreditar que as imagens negativas dela mesma, refletidas pela família e pela cultura em que vive, são não só totalmente verdadeiras mas também isentas de preconceito, de influência da opinião e de preferências pessoais.
Os pais podem tentar fazer uma cirurgia psíquica na criança, quando essa é muito rebelde.
Nesse ponto aqui gostaria de chamar atenção: quando a cultura dita o que é desejável, tudo aquilo que não segue o plano são vistos como feio, inaceitáveis...
Vamos falar agora sobre os tipos das mães: (Falo sobre a mãe interior.)
No livro temos esses 3 tipos de mãe:
1) A MÃE AMBIVALENTE:
É a mãe que foi isolada dos seus instintos. Ela fica dividida entre defender o filhote ou mandá-lo embora e assim se livrar do escárnio sofrido.
A mãe curva-se aos desejos da comunidade em vez de se alinhar a favor do filho.
"Os filhos": devemos entendê-los como sendo a nossa arte, o amor, a política, a prole ou vida da alma.
A mãe com o filho diferente precisa ter RESISTÊNCIA, APARÊNCIA TERRÍVEL E A INSENSIBILIDADE.
Quando a mulher tem essa imagem de mãe ambivalente na sua própria psique, ela pode se descobrir cedendo com muita facilidade. Pode se descobrir com medo de firmar sua posição, de exigir respeito, de afirmar o seu direito a fazê-lo, de aprender, de viver do seu próprio modo.
Não existe meios para preparar a pessoa para isso, a não ser inspirar para que ela ganhe coragem e aja!
2) A MÃE PROSTRADA
A mãe pata não aguenta mais a perseguição e então desiste. Ela diz ao patinho que preferia que ele desaparecesse, então ele foge. Quando uma mãe desiste, significa que ela perdeu o sentido de si mesma.
A autora fala que quando as pessoas caem prostradas, normalmente elas caem em um dentre três estados emocionais:
- confusão;
- agitação (quando têm a impressão de que ninguém sente uma solidariedade adequada pela sua aflição);
- abismo (uma reencenação emocional de antigas feridas, muitas vezes frutos de uma injustiça inexplicada e não corrigida perpretada contra elas ainda quando crianças).
O meio para forçar a prostração de uma mãe consiste em dividi-la emocionalmente (tipo, escolher entre a cultura ou o próprio filho).
Quando a mulher tem um constructo de mãe prostrada dentro da sua psique e/ou da sua cultura, ela é indecisa quanto ao seu valor.
Não é normal sentar e ficar chorando. Devemos levantar e sair à procura do lugar a que pertençamos.
3) A MÃE-CRIANÇA E A MÃE SEM MÃE
É uma mãe muito simplória e ingênua.
O tipo mais comum de mãe frágil é de longe a da mãe sem mãe.
Características desse tipo de mãe é o medo de que não consiga criar bem os seus filhos. Ela pode ter um jeito infantilizado, tem também incapacidade de diferenciar as coisas e de ver de longe.
Usando o exemplo de Vasalisa, ela é boazinha e ingênua demais.
4) A MÃE FORTE, A PROLE FORTE
O remédio para todas consiste em obter cuidados de mãe para nossa própria mãe interna. A dra. Clarissa diz que isso se obtém com mulheres reais do mundo objetivo que sejam mais velhas, mais sábias e que tenham sido temperadas como o aço.
Segundo a autora, elas se tornaram calejadas por terem passado por tudo o que passaram, mas, independente do custo, seus olhos veem, seus ouvidos ouvem, suas línguas falam, e elas são gentis.
Ela diz que podemos ter inúmeras mães.
O que dizer da mulher que realmente passou por uma experiência com uma mãe destrutiva na própria infância?
Tranquilizem-se, vocês não estão mortas, vocês não sofreram danos letais.
As más companhias
O instinto de vaguear até encontrar o que ele precisa está em perfeito funcionamento. O defeito da síndrome do patinho feio está em continuar a bater nas portas erradas, apesar da experiência ruim antes.
Quando a mulher adquire uma atitude compulsiva (reencenando um comportamento frustrante), afim de diminuir o seu isolamento, ela está causando mal ainda maior, pois a ferida original não está sendo tratada.
"Mulheres diferentes escolhem tipos diferentes de "remédio errado". Algumas optam pelo que é obviamente inadequado, como as más companhias, os excessos nos prazeres que são prejudiciais e destrutivos da alma, e tudo que primeiro a incentiva e a coloca lá no alto para depois atirá-la no rés-do chão."
A aparência indevida:
Isso acontece quando o pato nada muito bem, mas nada de um jeito desengonçado. Isso acontece quando nós mulheres temos a aparência ótima, mas não estamos no nosso lugar e assim não conseguimos agir corretamente.
Nós agimos de um jeito que não fazemos nada certo quando vamos para o local errado, com pessoas erradas.
A autora dá um conselho, é bom abrir canais com pessoas de grupos e interesses distintos, mas é imperioso que não nos esforçamos demais.
Sentimentos congelados, criatividade congelada:
A mulheres as vezes lidam com o isolamento como o patinho feio preso no gelo. Elas congelam. Achando que ser frias é algo bom. Mas significa mais um ato de ira defensiva.
Uma atitude gélida inibirá a função criativa da mulher.
Qual a solução? SIGA EM FRENTE! SUPERE TUDO COM LUTA.
"Exerça sua arte. Sabe-se que o que está em movimento não se congela. Por isso: mexa-se!! Vá em frente."
O estranho que passava:
Nesse ponto é importante sublinhar que a pessoa que nos salva do fogo, precipício, das dificuldades, etc, nem sempre é do grupo a que pertencemos.
O isolamento como dádiva:
Aqui a autora fala que é pior ficar num grupo onde não nos sentimos bem do que vaguear perdida por um período em busca de afinidade psíquica e profunda do que precisamos.
As dádivas do isolamento são múltiplas:
- Elimina a fraqueza com os golpes;
- erradica as lamentações;
- proporciona um insight penetrante;
- aguça a intuição;
- assegura o poder incisivo de observação e de visão de perspectiva jamais alcançada.
Os gatos desgrenhados e as galinhas vesgas do mundo:
Eles consideram as aspirações estúpidas e sem sentido. Trazendo pra nossa vida: é quando damos ouvidos a pessoas que dizem constantemente que somos teimosas, quando não conseguimos dizer: "Não, obrigada" e ir embora...
A lembrança e a persistência não importa o que aconteça:
Nesse momento, a autora fala que, apesar de nada estar dando certo, de apanhar, de quase morrer, de sofrer duros golpes, o patinho persiste e cai tremendo às margens do lado. Ela afirma que essa sensação já foi vivida por todas as mulheres,
A principal característica da natureza selvagem é a persistência.
Com o chegar da primavera, chega a vida nova.
O mais importante é esperar, aguentar esperando pela nossa vida criativa, pela nossa solidão, pelo nosso tempo de ser e de fazer...
Depois do inverno, sempre vem a primavera.
O amor pela alma:
Aguarde. Confie. Faça a sua parte. Você descobrirá seu próprio caminho.
Nessa parte aqui a autora fala que a mulher que deixou de ser patinho feio passa a aceitar elogios de uma forma sincera.
O zigoto errado:
Essa é uma história criada pela autora para contar às suas clientes. Era uma forma de clarear a questão da integração de uma forma mais leve e engraçada.
Três respostas para a pergunta: "Por que comigo?? Por que esta família?? Por que sou tão diferente?"
Nascemos do jeito que nascemos e nas estranhas famílias a que pertencemos:
1) Porque sim
2) o Self tem um planejamento, e nossos cerébros de ervilha são ínfimos demais para desvendá-lo
ou
3) por causa da síndrome do zigoto errado
A história:
"A fada dos zigotos estava sobrevoando sua cidade natal numa noite, e todos os zigotinhos na sua cesta pulavam e saltavam de alegria.
Na verdade, você estava destinada a pais que a teriam compreendido, mas a fada dos zigotos entrou numa zona de turbulência e, epa, você caiu da cesta na casa errada. Você caiu de cabeça para baixo bem numa família que não lhe estava destinada. Sua "verdadeira" família ficava uns cinco quilômetros mais adiante."
A maioria acreditava nesse versão. Rsrs
Finalizando... Vicejar é o nosso destino na Terra.
Se você alguma vez foi chamada de desafiadora, incorrigível, saliente, esperta, insubmissa, indisciplinada, rebelde, você está no caminho certo. A Mulher Selvagem está por perto,
Boa leitura.