quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

5 lições que aprendi com o filme "A vida secreta das abelhas"

Esse filme apesar de se tratar de temas pesados, tem uma estruturação que o torna leve! Tem tanta força e valor que enche de significados coisas do nosso cotidiano.

Para poder te situar, falo um pouco do cenário e da época em que a história foi tecida:

Cenário: interior dos Estados Unidos
Período: Década de 60

Nessa época o racismo era muito forte. Mesmo tendo sido aprovada a lei dos direitos civis dos negros, como o direito ao voto (lembra de Martin Luther King?), os negros sofriam forte rejeição e violência.

O filme começa com uma cena de briga entre o pai e mãe da personagem principal, Lily, então com apenas 4 anos de idade. Na cena, Lily mata a mãe, quando dispara (sem intenção, lógico) a arma.

Essa cena é uma lembrança (feed back) da Lily já púbere, com 13 anos de idade.

Já no comecinho a Lily relata ter visto um enxame de abelhas sobre sua cabeça. A menina, que até então se sentia culpada pela morte da mãe e, por isso, não merecedora do amor, sente alegria e fica super a vontade no meio das abelhas.

Mas as abelhas só são vistas pela Lily, ao chamar o seu pai, T. Ray, ele não consegue ver os insetos.

"As abelhas apareceram no verão de 1964, verão em que eu completava 14 anos. A minha vida toda começou a virar numa nova órbita." (Lily)

No desenlace da história, Lily, extremamente chateada com o abuso psicológico feito pelo pai, decide fugir acompanhada de Rosaleen, que trabalhava como sua babá e empregada da casa, após esta ter sido fortemente agredida por racistas.

1ª Lição: sobre amor-próprio e lealdade ao que somos:

Rosallen, é uma mulher forte, ela encarou "um branco" e não se deixou vencer, no entanto, apanha e fica bastante ferida. Ao ser perguntada por Lily porque ela não ficou calada e pediu desculpas para o homem branco, pois ficou em risco de morte, ela falou:


As duas caminham sem rumo e ao pararem para comprar comida, Lily vê potes de mel à venda que tem uma imagem parecida com a imagem que ela guardava dos antigos pertences de sua mãe. Intrigada, a menina vai em busca da casa das produtoras do mel e pede abrigo para ela e Rosaleen.

Nesta casa de cor de gosto duvidoso para os moradores da cidade, Lily e Rosaleen encontram três mulheres negras, cujos nomes são os meses do calendário: May, August e June.

Cada uma das três tinha uma personalidade diferente e forte. May era extremamente sensível e se comovia com facilidade com a dor do outro. Ela ficou assim após a morte de sua irmã gêmea, April. Para ajudar a irmã, August e June construíram o "muro das lamentações", assim, cada vez que May se entristecia com algo, ela ia ao muro e lá depositava um papel escrito com aquilo que a estava deixando triste.

2ª lição: Sobre sentir as dores do mundo e saber onde depositá-las:

Da personalidade de May, podemos aprender que podemos nos sensibilizar com a dor e depositar a nossa lamentação num local seguro.


3º lição: sobre como cada um sente sua própria dor:

Lily- Srta May, sei que as vezes você fica muito triste. Meu pai nunca sente nada. Nunca sentiu nada. Eu prefiro ser como você.

May- Uma abelha operária pesa menos que uma pétala de flor. Mas ela pode voar carregando um peso maior que o dela. Mas ela só vive durante quatro a cinco semanas. Às vezes não sentir nada é a única forma de sobreviver. 

A irmã responsável pela produção de mel era a August. Uma mulher com uma personalidade que irradia força, coragem e perseverança, mas ao mesmo tempo, amor. Muito amor e sabedoria.

Dos maiores ensinamentos de August do filme, destaco o da cena em que Lily confessa ter matado a sua mãe quando tinha 4 anos e que não se sente merecedora do amor dos outros.

4º lição: apesar do que tivermos vivido ou feito, por pior que tenha sido, temos o direito de amar e sermos amados:






As vezes, vamos ter que aceitar que nossa vida não é perfeita e que tivemos que vivenciar coisas duras e tristes, mas que temos o direito de sermos felizes.

A terceira irmã, é a June. ela é extremamente fria, durona. Quer manter a pose de pessoa independente. Mas em um momento do filme, ela se deixa aproveitar de lazer e diversão com as outras meninas e nesse momento, ela chora.

No final do filme, o pai de Lily a encontra e, nesse momento, revive a cena em que quer forçar a mãe de Lily a ficar com ele. Apesar da dificuldade de aceitar, ele concorda que a menina more com as irmãs produtoras de mel, falando a seguinte frase: "Que seja!"

5º lição: sobre como podemos interpretar o que está a nossa volta de forma mais saudável para nós mesmos


Nesse momento, apesar de não conseguir dizer com palavras completas, é assim que Lily interpreta:

"Ainda digo a mim mesma que, quando T. Ray  partiu naquele dia, ele não quis dizer: "que seja", ele quis dizer: 'Lily, você ficará melhor aqui, com todas essas mães'.

Conclusão:

Lily, apesar da pouca idade, foi uma menina sábia e bastante resiliente. Apesar do convívio com um pai infeliz e por consequencia, abusador, ela não viveu em codependência e resolveu seguir seu próprio rumo, em busca de sua felicidade. Já parou pra pensar em quantas situações infelizes ficamos, por medo do que nos possa acontecer? Lily foi corajosa e foi em busca daquilo que ela, racionalmente, ainda não compreendia.

Esse filme, demonstra mulheres que, apesar das feridas do mundo, conseguiram se fortalecer e florescer, ajudando umas às outras.



Isadora Gregório.

4 comentários:

  1. Adorei te ver escrevendo, botando pra fora.
    Adorei te ver publicando.
    Achei genial usar os prints dos diálogos.
    Beijo.

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    1. Obrigada!! Fiquei extremamente feliz com esse comentário! <3 <3 <3

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  2. Que linda historia... Amei a leitura do seu texto... Agora estou curiosa para assistir ao filme. Bju

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    1. Ownn que lindo! Obrigada, Ninha! Amei saber que tu gostou! <3

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