A volta ao lar: O retorno ao próprio Self
No dia 06 desse mês tivemos o encontro de mulheres e discutimos sobre o capítulo 9 do livro Mulheres que correm com os lobos. Abaixo uma foto sobre o encontro. Está com quatro meses que iniciei a leitura desse livro.
A sensação que tenho é que a leitura, apesar de parecer aleatória, entra em sintonia com o que tenho vivenciado. O Universo é mágico!!!
Esse foi o capítulo mais rabiscado de todos os tempos!!! Hahaha
Uma coisa importante que temos que sempre fazer ao ler os textos de Clarissa é: tente ser todos os personagens da história: a mulher foca, Ooruk (o ser medial), e também seja o caçador solitário...
Como é ser cada um deles?
Resuminho...
A história fala de uma mulher foca que estava junto de suas irmãs/amigas focas, mas ela por um momento de descuido fica longe da sua pele de foca, aí o caçador solitário vem e pega a pele, e diz que só devolve a pele à mulher-foca se ela passar 7 verões com ele. Ela então aceita, fica esse período com ele e juntos têm um filho. Mas aí a mulher-foca começa a secar, fica tipo triste, com os olhos sem brilho e percebe que "está na hora de voltar pro lar". E esse é um dos principais ensinamentos do conto, que precisamos de tempos em tempos retornar para o nosso lar espiritual.
Para ler o conto na íntegra, clique aqui
Destrinchando o capítulo:
Pontos principais:
A perda do sentido de alma como iniciação:
"Como a mulher-foca da história, e como a alma de mulheres jovens e/ou inexperientes, ela não percebe as intenções dos outros e o perigo em potencial. E é sempre aí que a pele da foca é roubada."
Como é esse roubo da pele? Pele é como se fosse uma proteção. A dra Clarisse diz que algumas pessoas dizem que é como se fosse um "roubo da sua 'grande oportunidade' da vida". Outros descrevem o fato como "uma distração, uma ruptura, uma interferência ou interrupção de algo que lhes é vital: sua arte, seu amor, seu sonho, sua esperança, sua crença na bondade, seu desenvolvimento, sua honra, seus esforços."
O roubo cai nas mulheres em virtude da ingenuidade, da percepção falha quanto às motivações dos outros.
Ela diz que as pessoas que permitem ser roubadas não são más, nem erradas, nem tolas, elas são inexperientes! Estão num "cochilo psíquico".
Nesse momento, a mulher pode decidir RESGATAR O TESOURO, reabastecendo o self.
Quatro constructos vitais da psique:
1) Fortalece extremamente nossa determinação de lutar pelo resgate do inconsciente;
2) Esclarece, com o passar do tempo, o que é mais importante para nós;
3) Ele nos preenche com a necessidade de ter um plano para nos libertarmos, em termos psiquicos ou outros, e de pôr em cena nossos conhecimentos recém-adquirido.
4) Desenvolve nossa natureza medial, aquela parte selvagem e sagaz da psique que também pode permear o mundo da alma e o mundo dos humanos.
"Uma das questões mais cruciais e de maior potencial destrutivo enfrentadas pelas mulheres consiste no fato de elas começarem vários processos de iniciação psicológica sem iniciadores que tenham eles próprios completado o processo. Elas não conhecem pessoas maduras que saibam como prosseguir. Quando os próprios iniciadores são pessoas cuja iniciação está incompleta, eles omitem aspectos importantes do processo sem perceber, e às vezes causam grandes males ao iniciando por trabalharem com uma ideia fragmentada da iniciação, uma idéia que freqüentemente está contaminada de uma forma ou de outra."
A perda da pele:
"Toda mulher afastada do lar da sua alma acaba se cansando. É então que ela procura sua pele de foca para revitalizar seu sentido de identidade e de alma, para restaurar seu conhecimento penetrante e
oceânico."
E quando é que perdemos a pele da alma?
"Perdemos a pele da alma quando ficamos muito envolvidas com o ego, quando nos tornamos por demais exigentes, perfeccionistas, quando nos martirizamos desnecessariamente, somos dominadas por uma ambição cega ou quando nos sentimos insatisfeitas — com o próprio self, com a família, a comunidade, a cultura, o mundo — e não fazemos nem dizemos nada a respeito disso; também quando fingimos ser uma fonte ilimitada para os outros quando não fazemos o possível para nos ajudar. Ora, existem tantos modos para se perder a pele da alma quantas são as mulheres do mundo."
"O único meio de permanecer agarrada a essa essencial pele da alma consiste em manter uma conscientização delicadamente imaculada a respeito dos seus valores e utilidades."
O homem solitário:
O homem representa o ego da psique da mulher. Clarissa afirma que no início da vida é o ego que que frequentemente manda. "Ele relega a alma aos trabalhos mesquinhos da cozinha."
"No entanto, em algum ponto, às vezes quando estamos com vinte anos, às vezes com trinta, com maior freqüência aos quarenta anos, muito embora algumas mulheres só estejam realmente prontas depois dos cinqüenta, dos sessenta ou mesmo dos setenta ou oitenta, começamos, afinal, a permitir que a alma assuma o comando. O poder passa, então, dos detalhes e minúcias práticas para o envolvimento da alma."
A criança espiritual:
A criança é o resultado da união entre o ego e a alma. A criança (Ooruk) tem a capacidade de ouvir o chamado.
É um ser medial.
O definhamento e a invalidez:
"A maioria das depressões, tédios e confusões errantes da mulher é causada por uma severa restrição da vida da alma, na qual a inovação, o impulso e a criatividade são proibidos ou limitados."
Nessa parte Clarissa coloca uma história que se quiser ler na íntegra, coloco aqui: O terno
Clarissa fala que a atitude o segundo velho é uma coisa natural, a mulher precisa manter uma postura impecável, mesmo que para isso precise ficar aleijada.
Ouvindo o chamado da Mais Velha:
Na história quem ouve o chamado é a "pequena criança espiritual".
"A inquietação da mulher durante esse período vem muitas vezes acompanhada de irritabilidade e de uma sensação de que tudo está perto demais para ser agradável, ou longe demais para nos proporcionar paz. Ela se sente de alguma forma pouco e muito "perdida", pois ficou muito tempo longe de casa."
A demora excessiva:
"Quando a mulher passa tempo demais longe de casa, sua capacidade de perceber como está se sentindo a respeito de si mesma e de todas as outras coisas começa a secar e a rachar. Ela está no "estado de lemingue"."
"Quando a mulher fica muito tempo longe do seu lar, ela se torna cada vez menos capaz de avançar na vida. Em vez de optar por arreios de sua própria escolha, ela como que fica pendurada na vontade dos outros."
"A "ninhada morta" é composta de ideias, deveres, exigências que não funcionam, que não têm vida e que não geram vida. Uma mulher assim torna-se pálida, apesar de briguenta; passa a ser cada vez mais inflexível, embora dispersa. Seu pavio vai ficando cada vez mais curto."
"Uma mulher de iniciação incompleta nesse estado de privação acredita erroneamente obter maior vantagem espiritual ficando do que indo embora."
A mulher precisa entender essa necessidade por si mesma. E essa volta da mulher ao lar espiritual permite aos outros que eles também busquem isso. Elas precisam voltar ao lar espiritual mesmo que isso irrite aos outros, pois ela volta mais forte.
A separação, o mergulho:
No momento de volta ao lar, volte. Quando está na hora, está na hora.
"Todas nós temos nossos métodos preferidos para nos convencer a não tirar o tempo necessário para a volta ao lar. No entanto, quando resgatamos nossos ciclos instintivos e selváticos, ficamos sob a obrigação psíquica de organizar nossa vida para que possamos vivê-la cada vez mais em harmonia."

A mulher medial: A que respira debaixo d'água:
A mulher medial se posiciona entre o mundo da realidade consensual e o do inconsciente místico, fazendo mediação entre eles. Ela é o transmissor e o receptor entre dois ou mais valores ou idéias.
Um dos efeitos da regularidade na volta ao lar está no fato de a mulher medial da psique sair fortalecida toda vez que a mulher vai e volta.
A volta à superfície:
Devemos voltar à nossa vida diária impregnadas por um novo ânimo!
A prática da solidão voluntária:
Serve para curar a fadiga e evitar o cansaço...
Como podemos invocar a alma? "Há muitas formas: pela meditação, pelos ritmos da corrida, do toque de tambor, do canto, do ato de escrever, da pintura, da composição musical, de visões de grande beleza, da oração, da contemplação, dos ritos e rituais, de ficar parada e até mesmo de idéias e disposições de ânimo arrebatadoras."
"Há muitos aspectos da nossa vida que devemos avaliar com constância: o ambiente, o trabalho, a vida criativa, a família, o parceiro, os filhos, mãe/pai, a sexualidade, a vida espiritual e assim por diante."
A ecologia inata às mulheres:
"Mesmo que tenhamos trabalhado, feito sexo, descansado ou brincado fora dos ciclos, isso não mata a Mulher Selvagem; só nos deixa exaustas."
"É com o amor e o cuidado com nossas fases naturais que protegemos nossa vida para que ela não seja arrastada pelo ritmo de outra pessoa, pela dança de outra pessoa, pela fome de outra pessoa."
"Culturas excessivamente civilizadas e repressoras tentam impedir as mulheres de voltar para
casa."
Finalizo com: Nas palavras de Jung, "seria muito melhor simplesmente admitir nossa pobreza espiritual. ...Quando o espírito fica pesado, ele se transforma em água. ...Portanto, o caminho da alma... conduz à água"
O que eu entendi das palavras de Jung? Nada... Mas o capítulo 10 (próximo em ordem) é "Águas claras" pode ser que dra Clarissa me explique!!! :)
Boa leitura!!!
Excelente! Amei a interpretação. A análise de todos os personagens. Muito bom!! Parabéns 👏👏👏
ResponderExcluiramei
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